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Arquitetos: Marc Mimram
- Área: 5 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Erieta Attali
Descrição enviada pela equipe de projeto. Quando o paisagista Michel Corajoud apresentou seu plano de revitalização para o complexo de Roland Garros, sede do Grand Slam francês de tênis, sua intenção era criar um vínculo com a cidade. A renovação exigiu a abertura de um amplo espaço público, e a construção de uma nova quadra para acomodar 5.000 visitantes no jardim adjacente, local onde anteriormente foram alocadas estufas sem qualquer planejamento. O jardim é admirável, mas não pelas novas estufas, e sim por suas belas estruturas botânicas projetadas em 1898, por Jean-Camille Formigé, e que naturalmente nunca foram ameaçadas.
Inspirada nas estufas de vidro e ferro fundido, características do século XIX, a nova quadra de tênis ficará parcialmente abaixo do nível do solo, cercada por uma plataforma de concreto com terraços, apoiados por uma estrutura de aço, e envolta por estufas botânicas projetadas para atender às mais altas especificações técnicas.
As novas estufas configuram um cenário de vidro, onde plantas dos quatro continentes podem florescer. Elas fazem referência ao design das estufas originais, e são inspiradas pela arquitetura em metal que, desde a construção do Palácio de Cristal em Londres em 1851, mantêm sua delicada relação entre a luz e a estrutura, como o modelo perfeito de arejamento e economia.
As novas estruturas receberão vidros duplos, e isolamento mais eficaz do que as estufas históricas. Ao invés de criar uma superfície simples de vidro liso, o projeto incorporou escalas fragmentadas de vidro, com as bordas dispostas em duas direções diferentes. Dessa maneira, a aparência da construção é alterada à medida que a luz se modifica, como resultado da difração, e das vibrações criadas pelas reflexões nas superfícies irregulares e segmentadas. O aço das estufas dá ritmo à composição, equilibrando a estrutura dos terraços que se elevam até a galeria, e percorrem a parte superior do edifício.
O jogo de luz, sombras, e transparência na estrutura, repete os efeitos característicos da arquitetura do século XIX, e ao mesmo tempo, integra técnicas contemporâneas de corte e soldagem de oxi-combustível. O desejo de Michel Corajoud promoveu o diálogo entre jardins e esporte, botânica e tênis, fazendo com que o desempenho técnico, e físico emergisse de um espaço compartilhado. A presença de estruturas originais de maneira alguma inibem a confiante arquitetura contemporânea. As diferentes atividades se cruzam no tempo; o torneio de tênis é parte integrante do desenvolvimento do jardim botânico. A quadra Simonne-Mathieu é uma ótima ilustração da necessidade dos prazeres da vida urbana se adaptarem a uma combinação cada vez maior de usos diferentes.